Brasil perde posição em ranking de veículos

A entrada de carros importados no Brasil fez a produção estagnar e o País perdeu uma posição entre os maiores produtores mundiais em 2011. Segundo a Organização Internacional de Construtores de Automóveis (Oica), o Brasil caiu para o sétimo lugar no ranking, superado pela Índia. Para este ano, a previsão é de nova desaceleração, com recuperação após a chegada de novas montadoras, no médio prazo.
Puxada pelo consumo nos países emergentes, a produção de veículos no planeta se recuperou da crise de 2008 e 2009. Em 2011, a produção mundial atingiu novo recorde, de 80,1 milhões de veículos, uma expansão de 3,2%. Para 2012, a perspectiva é de que a taxa seja mantida, ainda que a Europa registre queda profunda em vendas e produção.
No caso brasileiro, a indústria patina, mas o problema não é a demanda, e sim a entrada de carros importados e a queda das exportações. Após registrar crescimento de 14% em 2010, a produção brasileira teve alta de apenas 0,7% em 2011. O fenômeno levou o governo a aumentar impostos para conter a importação.
Enquanto a produção pena para crescer, as vendas registram taxas mais elevadas. Nesse critério, o Brasil manteve-se em quarto lugar no ranking, posição conquistada em 2010. Foram vendidos 3,63 milhões de veículos em 2011, 3,4% mais que no ano anterior, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Desse total, 23,6% são importados.
Os três maiores mercados mundiais mantiveram suas posições, com a China no topo (18,5 milhões de veículos). Na sequência estão EUA (12,734 milhões) e Japão (4,21 milhões). O Brasil ficou à frente da Alemanha por apenas 125 mil unidades. Nessa lista, a Índia está em sexto lugar, com 3,293 milhões de veículos vendidos em 2011.
Em 2011, o Brasil produziu 3,4 milhões de veículos. China (com 18,4 milhões), EUA (8,6 milhões), Japão (8,4 milhões), Alemanha (6,3 milhões) e Coreia do Sul (4,6 milhões) continuam nos primeiros postos. A novidade foi a Índia, com produção elevada em 10,7%, para 3,9 milhões de unidades, superando o Brasil, pela primeira vez.
Paridade. Nos últimos dez anos, a produção sul-americana de carros mais que dobrou, puxada pelo Brasil. Agora, porém, a indústria local é uma das que apresenta a menor taxa de expansão entre os grandes produtores.
Pelos cálculos da Oica, ainda há margem para expansão de vendas no Brasil. O País tem cerca de 155 carros para cada mil habitantes. O número é superior aos 20 para cada mil indianos e aos 50 para cada mil chineses. Está distante, contudo, dos 815 para cada mil americanos ou 590 entre mil europeus.
Incentivados justamente pelo consumo nos países emergentes, Alemanha e França voltaram a ter expansão forte na produção, chegando a 7% no caso das montadoras alemãs. Nos EUA, os incentivos governamentais e o dólar desvalorizado em mercados como Brasil e África do Sul permitiram aumento da produção de 11,5%.
Na América Latina, tanto a Argentina quanto o México registraram expansão de suas produções acima da taxa brasileira, de 15,7% e 14%, respectivamente.
Segundo a Oica, a grande garagem do mundo deixou de ser o Ocidente e mudou-se para a Ásia. Em 2010, pela primeira vez, o continente respondeu por mais de 51% da produção mundial. Em 2011, a liderança se consolidou.
Por Jamil Chade, Correspondente Genebra do estadao.com.br / Colaborou Cleide Silva

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